sexta-feira, 27 de maio de 2011

Amá-lo é pecar

Era noite, como todas as vezes e, lá estava ele, num banco da pracinha isolada, o meu namorado. Tínhamos que nos encontrar às escuras para ninguém ver. Más será mesmo que ninguém viu, em quase 2 anos? Pois é, logo fará 2 anos que namoramos. Ele chamava-me:
 -Amor, vem aqui. Estou com saudades.
 Deixara que me beijasse, más naquela noite não quis nada além de beijinhos. Queria conversar com ele.
 -Olha, também estou com saudades, como sempre. Más precisamos conversar, o assunto é aquele...
 -Imaginei. Você sempre tocando nesse assunto!
 Ele mostra uma cara de quem já se cansou de ouvir a mesma coisa.
 Peguei nas mãos quentes dele, olhei em seus olhos e disse:
-Vamos fugir!
 Senti um cala-frio. O que será que ele iria me responder? Aguardei.
 -Já disse que não dá! Ainda não fiz 18, não tenho dinheiro, tenho faculdade aqui, meus parentes, amigos...
 -Amor, pense bem! Se formos para o interior, poderemos viver em paz. Juntos!
 -Eu sei. Lá no interior estaremos livres desse povo que vive para nos xingar, bater, zoar, inventar piadinhas...
 Senti que ele ia chorar. O abracei forte. Ele devolveu o carinho e chorou nos meus ombros. Então sem perceber, já corriam as lágrimas em minha face. Por que o destino nos deu essa vida tão sofrida? Eu disse:
 -Como eu queria que um político sofresse o que sofremos. Assim veriam com clareza a importância dessa nova lei.
 -Deixa isso pra lá! Já decidimos que não vamos nos casar mesmo. – ele disse enxugando as lágrimas – Eu só queria que não existisse o preconceito nas pessoas. Queria que elas vivessem a vida delas, e deixassem enfim, eu viver a minha, como Deus me deu.
 Eu olhei para ele e o fiz seguir meu olhar para a lua cheia.
 -Ah! Como eu queria ter os olhos de vós para corrigir cada passo meu. Assim, eu seria perfeito né? Más não, ninguém é perfeito. A vida não é perfeita.
 Ao lado dele, me sentia mais forte. Eu não era o único! Podia lutar pela minha felicidade. Nós dois! Nós dois... Juntos, juntos.
Lucas Lima Gonzalez. 2011, 26 de Maio

terça-feira, 17 de maio de 2011

"Droga de miséria" - 1

"-Será que um dia minha vida vai melhorar? Já não sei se choro ou digo 'danem-se todos!'. Só sei de uma coisa, daqui só tem a melhorar..." 
  Capítulo um
 Ariel tem 14 anos. Mora numa casa, melhor dizendo : numa barraca gigante toda emendada com madeira velha, que sua mãe Carlota achara na rua. Más se arrependeu, pois seria melhor ter emendado com plástico, já que achava mais bonito. 
 Seus irmãos são todos mais novos que ela. Ariel cuida deles enquanto a mãe trabalha de faxineira num cortiço que já é velho. São eles os mesmos: João, de 4 anos; Maria, de 6 anos; Josué, de 8 anos; Clara, de 10 anos; Antonieta e Rafael, gêmeos de 12 anos. Antonio, morreu há 3 anos. Essa falta do pai fez a família cair ainda mais pro fundo do poço. Carlota só achou emprego no cortiço por indicação de um parente distante que está agora numa boa. 
 Ariel estudava de tardezinha, para pegar a merenda com os irmãos mais novos. Más agora com o falecimento do pai, tinha que estudar de noite... 
Certo dia, Carlota após receber um pagamento faz as compras do mês e o jantar é servido. Não teve como evitar a gula. Os pequenos foram os que mais comeram. Arroz, feijão e carne moída. Tudo esquentado numa fogueira improvisada na esquina perto da barraca. Mau comera já estava indo para a escola a Ariel. Sonha em ser famosa e dar uma mansão à famíla. Nada discreto, queria tudo do bom e do melhor. "CHEGA DE MISÉRIA" - pensava, más há um porém... "você pode se desviar da miséria, más ela te acha um dia e você cai de novo no mesmo poço". 
 
 Fim do primeiro capítulo. No próximo, a família de Ariel terá surpresas... Uma visita desagradável trará pânico pra a vida deles. Aguarde.