Era noite, como todas as vezes e, lá estava ele, num banco da pracinha isolada, o meu namorado. Tínhamos que nos encontrar às escuras para ninguém ver. Más será mesmo que ninguém viu, em quase 2 anos? Pois é, logo fará 2 anos que namoramos. Ele chamava-me:
-Amor, vem aqui. Estou com saudades.
Deixara que me beijasse, más naquela noite não quis nada além de beijinhos. Queria conversar com ele.
-Olha, também estou com saudades, como sempre. Más precisamos conversar, o assunto é aquele...
-Imaginei. Você sempre tocando nesse assunto!
Ele mostra uma cara de quem já se cansou de ouvir a mesma coisa.
Peguei nas mãos quentes dele, olhei em seus olhos e disse:
-Vamos fugir!
Senti um cala-frio. O que será que ele iria me responder? Aguardei.
-Já disse que não dá! Ainda não fiz 18, não tenho dinheiro, tenho faculdade aqui, meus parentes, amigos...
-Amor, pense bem! Se formos para o interior, poderemos viver em paz. Juntos !
-Eu sei. Lá no interior estaremos livres desse povo que vive para nos xingar, bater, zoar, inventar piadinhas...
Senti que ele ia chorar. O abracei forte. Ele devolveu o carinho e chorou nos meus ombros. Então sem perceber, já corriam as lágrimas em minha face. Por que o destino nos deu essa vida tão sofrida? Eu disse:
-Como eu queria que um político sofresse o que sofremos. Assim veriam com clareza a importância dessa nova lei.
-Deixa isso pra lá! Já decidimos que não vamos nos casar mesmo. – ele disse enxugando as lágrimas – Eu só queria que não existisse o preconceito nas pessoas. Queria que elas vivessem a vida delas, e deixassem enfim, eu viver a minha, como Deus me deu.
Eu olhei para ele e o fiz seguir meu olhar para a lua cheia.
-Ah! Como eu queria ter os olhos de vós para corrigir cada passo meu. Assim, eu seria perfeito né? Más não, ninguém é perfeito. A vida não é perfeita.
Ao lado dele, me sentia mais forte. Eu não era o único! Podia lutar pela minha felicidade. Nós dois! Nós dois... Juntos, juntos.
Lucas Lima Gonzalez. 2011, 26 de Maio